27 de dezembro de 2010

À Lira

Eis que sou consciência tua
Amiga das desilusões
Única companheira das solidões
Tens a mim a última coisa boa
Tens solidão e silêncio
Sofre por ti o meu doce alento
Se não amargara a solidão
A cama não odiaria
Teu leito seria apenas descanso
Eis que sou consciência
Tua é a minha solidão
Quereria descansar um dia
E pairar sob o odor das flores
E nada seria além de perfume
Perfume que rebusca à memória
A consciência, eis que sois tu
Tu e tua memória
Memória fantasmagórica
Es fantasmas, és espirito
Es solidão e silêncio
Es apenas consciência
E saudade das coisas que nunca vivera
Es lira, es música
Que leram que ouviram
Es consciência, memória, poesia
Sou e nunca fui
Nunca fora concretizado
Es a utopia de ser eu
Fora apenas memória, consciência
A conjugação de verbos em outros tempos