10 de fevereiro de 2015

Versinho sobre o adeus

De repente saiu da minha vida
Como um pássaro sai da gaiola
No voo da liberdade
Se foi para sempre
E eu esqueci de me lembrar
Ou me fiz esquecer
O que ficou foi um grande vazio
Repleto de solidão
Descobri que era essa louca paixão
Que me dava forças para continuar


[Pensamentos de 2010]

4 de fevereiro de 2015

Indeterminado

Se não quiser ler tudo, leia apenas os 3 últimos parágrafos! 

Ah, Paulo. Um Paulo qualquer talvez, meu professor Paulo Camilo, idoso calmo da gramática do saber ao sono e as reflexões. Não foi a primeira vez que uma aula dele me inspirou. Lembram se do "Soneto da Reflexiva" ? Não?! Pois bem, estou aqui refletindo mais uma vez sobre a vida e os indeterminados flexíveis ou não.

Olho pra a direita e vejo um simpático amigo, ao lado dele aquele que me inspirará talvez criações e talvez se tornará uma personagem marcante ou não, mas uma personagem que não se passa por despercebida. A tal personagem que gosta das mesmas aulas que eu gosto e que número reduzido de pessoas se afeiçoam. Gramática!

Não foi dessa vez que eu imaginei aquela personagem e ela me tirou atenção. Compreendi toda a gramática e os sujeitos simples ou complexos, determinados ou indeterminados. Mas de repente por sei lá que motivo meu olhar vai de encontro a uma panturrilha e tudo se desembaraça, ou me embaraço mais ainda e perco o fio da meada.

Aquele sujeito esbelto de panturrilha firme desencadeou uma guerra em meu cérebro, espartanos contra atenienses. Troianos contra gregos. Uma guerra para além da gramática. Paulo Camilo não se fez mais presente por mais ou menos 6 minutos, para mim um tempo enorme para se perder imaginando absurdos. E a aula de história foi antecipada, acabei escrevendo História do Brasil no caderno de História Antiga.

O tal rapaz se fez guerreiro em meu devaneio sem sentido. Uma curta guerra que ressaltava sua braveza, inteligência e também beleza que para os povos mediterrâneos era muito importante. Transformei o em uma estátua, pisquei incrédula. Quantos minutos ? Será que alguém percebeu meu olhar para aquela perna sem sentido? O único sentido era andar, levantei me e fui ao banheiro ainda imaginando o rapaz em forma de mármore branco com seus cachos genuinamente esculpidos com a beleza e precisão das esculturas de Michelangelo.

A aula acabou mas esta crônica ainda não. Entrei no ônibus e comecei a ler o livro que minha amiga me deu, pretendo resenhá-lo futuramente. Observei as gramáticas, tantos sujeitos indefinidos e agora eu entendia melhor dos meus e o motivo pelo qual minha mãe sempre se queixou de não entender meus textos.

São todos sujeitos indefinidos, assim como o pseudo guerreiro de Troia. Indefinidos para vocês caros leitores, para mim até mesmo alguns são. Meras invenções, muitas vezes até esquecidas. Personagens sem nome. Totalmente indeterminados, porém conhecidos e com sentido prévio. O sentido pelo qual não reforço a personagem mas o que ela causou, pouco importa se a determinei.

Tão indeterminados somos que a qualquer momento podemos mudar de opinião e começar a gostar de coisas que aparentemente rejeitávamos. A própria aula de Gramática, não gostava muito e sentia aquele tipo de sono mortal enquanto o professor falava, mas um dia decidi que sentiria gozo em toda aula de Gramática e acabei me afeiçoando por ela.

Indeterminados somos, não só sujeitos em terceira pessoa e nunca citados. Somos incabíveis indeterminados, incompreendidos, desencontrados, desencantados, descontrolados, troianos, gregos, guerreiros, poetas, estudantes, sujeitos com seus preceitos, apenas números e muito mais que números, observadores, amadores, aspirantes, cheios de adjetivos. Adjetivados sujeitos, determinados em ser indeterminados na tentativa se determinarmos a ser protagonistas da eterna crônica da vida.

Perdoe me a confusão, se não pude determinar nem a minha própria crônica não cabe a ninguém a determinação de ser quem somos, não cabe a ninguém se prender em ideias pré concebidas, afinal somos todos uma ideia nova que surgiu no mundo.






2 de fevereiro de 2015

A Guerreira


Seu encanto de prosa solta e verbo
Dilui se em cachoeira sua água
Dissipa se em selva seu som
Mistura se sua cor na madre Terra
Esvoaça com o vento a guerreira
Seu sorriso apaga toda cicatriz
Seus mantos cabelos amansam feras
Seu perfume de flor se compõe
Forte e delicada guerreira
Sua trilha nobre completa
Como um jardim se ajeita
Em comunhão com a mãe natureza
Seus olhos de luminosa destreza
Atravessam hábil de guerreira
Os monólogos do tempo
Musa Potira se atira
Ao destino da vida tranquila
E quando se agita
Bela guerreira vence
No meditar das batalhas cotidianas
Menina de flor em cachoeira
Que no alto da montanha desabrocha
Que se faz rocha rara de se guardar
Teu canto encanta e vai de encontro
Aos sinceros gritos da alvorada
E faz no peito aberto morada
Da luta da eterna guerreira apaixonada