28 de agosto de 2016

Uns braços

Umas mãos
Uns trapos velhos
Quinquilharias da vida
A vida alheia convencida
Das realidades precavidas
Mais trapos velhos
Uns retalhos
Fronha de travesseiro
Na maciez de uns cabelos
Aurora da vida
Ela sonhava acordada
De tanto chorar se deitava
Se recompunha
Voltava a sorrir
Feito criança
Saltitava só de lembrança
Voltava a ser soturna
Apertava com força
O travesseiro
Aqueles olhos noturnos
Relembravam na
Humor soturno
Aconchegava se
No travesseiro
Um abraço sem braços
Desejou que ele tivesse
Uns braços
Cor de jambo, suaves
Os braços do moreno
Daquela cor de pecado
Para embalar contra o peito
Desfazer tudo que havia feito
Perdoar o adeus
Uns retalhos para revestir
Cada descoberta carnal
Uns trapos velhos para cobrir
Cada lapso banal
Uns braços
Aqueles braços
Fortes mantas de retalhos
Agasalho
Para quem sente frio
Não seria pena
Se o travesseiro emitisse
Uns braços


Escrito em: 25 de julho de 2015.