2 de dezembro de 2013

Uma tarde de saudade


Saíra do apartamento andando sem rumo pelo corredor entre os prédios, fizera uma caminhada de uns 20 minutos que parecera uma vida inteira. Tentara ocupar o tempo ou distrair se com um jogo bobo no smartphone mas não conseguira, sentira um sentimento estranho que não lhe causara dor nenhuma. Sentimento que causara-lhe uma inundação de memórias.
Estivera com ele em um dos melhores dias de sua vida, fotografara em muitos lugares do condomínio, em locais que olhos comuns diriam ser horríveis e desajeitados, lembrara das poses que fizera e dos sorrisos que tirara dele naquela tarde nublada. Lembrara do olhar vivo dele e do batom que usara, aquele tom de vermelho tirara um "uau" da voz dele, lembrara do all star vermelho que usara naquela tarde, da camiseta do filme star wars e da saia cheia de estrelas como uma galáxia, sentira o perfume adocicado que usara naquela tarde.
Depois de sentir-se sentira o perfume dele e a doce melodia daquela voz que parecia cantar as mais belas notas já inventadas no universo. Lembara da roupa que ele vestira, àquela camiseta branca com estampa do disco The Wall da banda Pink Floyd que ele tanto gostava, aquela calça jeans sempre fora apenas uma calça mas naquele dia nublado era a calça mais bela que já vira. Sentira o abraço quente e desajeitado dele, sorrira. Sentiu-se confortável com o calor dele fizera um pouco de frio naquela tarde mas nada de pedisse um agasalho para cobrir sua linda camiseta.
Recordara-se de gravar uma playlist idêntica à sua no iphone dele e sair cantarolando as músicas juntos e dando gargalhadas e às vezes sorrisos envergonhados quando a letra tocava os sentimentos. Sentiu o beijo quente dele e ...
Acordou do seu sonho, tudo aquilo havia acontecido mas agora ele estava longe demais para ficarem juntos. E ela era apenas uma garota dominada pelo cansaço dormindo no banco do pátio do condomínio. Triste ?! Não, ela estava muito feliz, estava feliz por reconhecer pelo menos na hora do adeus que ele realmente amara ela, estava feliz por reconhecer que apesar de nunca achar que era boa o bastante para o seu amigo. Deu a ele o que sempre quis. Um beijo! Arrependeu-se por deixar com ele um gosto maior de saudade e escreveu um e-mail :

O vento bate em meu rosto e ando na estrada vazia lembrando me de tantas coisas, de como foi estar aqui em outros dias de sol. Desculpe se perdi algumas memórias, sou uma caixinha de imperfeição como você sempre me dizia, sou a anormal e você o normal e é por isso que juntos somos perfeitos. Quero que saiba que sempre te amei mas sempre achei que você poderia encontrar um pessoa melhor que eu. Não sei se você voltará e pensando bem podemos prosseguir sem estarmos presencialmente juntos. Espero que seja feliz com seu pai na Alemanha e com sua faculdade. Sempre seremos amigos e me perdoe por nunca compreendê-lo ou acreditar no que você dizia. O tempo e as experiências nos faram amadurecer e logo logo você se lembrará de mim apenas como sua melhor amiga e não como alguém por quem você se apaixonou. Mande notícias. Um abraço, Aline.

Aquele e-mail cheio de poesia nunca fora enviado. Levantou-se do banco sentindo saudade e ficou feliz por perceber que quem tem saudade tem amor.


(Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência, eu inventei tudinho.)  

Analogias (Parte 2)


Abalou. Tirou tudo de seu lugar. Como uma avalanche encheu-me de problemas, como enchem-se bolas de neve na junção de seus flocos. Encheu como são inundadas cidades em dias de enchente. Encheu-me, inundou-me, amou-me, ou tentou amar-me. Ou fingiu.
Súbitos tremores, como tremem os prédios e se despedaçam vítimas de um terremoto. Fui vítima, fui sua vítima e sentenciou-se um fim, o fim das minhas alegres emoções. Tomou-me e não deixou-me ir quando foi necessário. Deixou-me quando foi preciso ficar, em meio a soluços silenciosos que me deixavam trêmula e sem chão. Resguardei-me do mundo e me enchi de ti.
Não pude sentir... talvez tenha me amado tanto e tão profundamente, tão incondicionalmente, e perdida em meus erros não percebi. Nunca notei o quão alto as músicas tocavam no seu coração e eu presa no meu quarto frio não notei que o que afastava-me de ti era nada menos que eu.
Restou algo que não me abala, que deveria mas que fortalece. Os geisers de saudade que aparecem de tempo em tempo sob alguma pontada de sorriso envergonhado e que fazem-me recordar o clímax de nossa estória, àquele criado por mim. Criado em noites de nostalgia, clímax que nunca existiu. Um analogia sem fim de um cérebro cansado!


Oi galerinha, quanto tempo! Estou de volta relendo os textos guardados nos rascunhos e publicando alguns. Espero que gostem! Beijocas :*** Esse ficou bem pequeno mas como é uma serie terá a continuação. Aguardem!