22 de janeiro de 2016

Game Over


Não tenho mais você pra falar que minha vida está tão bagunçada como era nosso jeito de ser. Não tenho mais sua voz no pé do ouvido me dizendo que vai melhorar. Não tenho mais sua careta quando o suco de limão sai azedo demais. Você nunca gostou da minha bala favorita azedinha mas gostou de mim. Depois meu sabor passou a ser forte demais para você e o seu doce já não era mais tão doce. Seu beijo não era mais seu beijo. Seu eu não era mais você. Aí eu percebi que eu que já estava tão perdida que perdi você para suas próprias dúvidas. Perdi você para as bobagens, as brigas, as amarguras. Perdi você para eu mesma, afinal, ninguém é obrigado a aturar depressão alheia. E você meu bem, nunca foi tão altruísta quanto eu precisava.


30/05/2015


19 de janeiro de 2016

O Perfume


Depois de ter lhe declarado minha paixão perguntou me: —Como é que se sente quando me aproximo? —Aos 14 anos escalei pela primeira vez com meu pai a Serra da Canastra. Quando chegamos ao topo senti meu corpo envolvido pelos braços do ar. Um doce cheiro habitava meu íntimo. Aquele vento era meu alento, batia me no rosto e ardia, não só a pele, mas a emoção por dentro. O gélido ar incendiava meu coração. O frio arrepiava meus pelos e meu nariz doía com as chicoteadas dos cabelos em minha face. Me dava prazer aquela dor de cansaço. Sentia me mais perto de Deus, envolvida pelo abraço dos anjos perfumados. —É assim que se sente quando me aproximo? —Sim, é como se trouxesse todas as sensações do mundo com teu cheiro.