14 de junho de 2016

Quando deixei o ir ...


Te via entre os lampejos dos meus olhos embaçados. Você acenando um adeus tímido com gosto de saudade e eu chorando por dentro por não ter aproveitado o seu último sentimento (por mim). Como a água escorre por entre os meus dedos você escorreu do meu coração. Como pude deixá lo escapar?Mas sabe, estive pensando sobre a última vez que nos vimos. Não percebi os seus sinais que agora parecem ser tão óbvios para mim. A gente sempre foi o escape um do outro. Sempre fomos o motivo do sorriso porque tudo a nossa volta sempre desabava. E nos apegamos ao "nós" para fugir do nosso próprio "eu". Daí tudo ficou claro para mim. Tive que deixa-lo ir porque às vezes a gente precisa aprender a andar sozinho na corda bamba que é a vida. Precisamos olhar para nós mesmos e nos concentrar no que realmente está errado. Precisamos aprender a transbordar a nós mesmos. Precisamos ficar a sós com os nossos sentimentos. Eu preciso. Você precisa. Nós precisamos. Não deixei o ir por puro altruísmo. Não, certamente não foi altruísmo. Por mim eu te prenderia na jaula que é o meu peito pelo tempo indeterminado que eu gostaria que durasse, assim como sempre durou o nosso abraço. E sabe, a cada dia eu te deixo ir um pouco mais. A cada dia sua inconstância se torna mais real. E você vai, vai se afastando da minha mente, dos meus pensamentos. E eu vou te deixando ir, e você vai, vai, vai ... E eu te deixo ir mais e mais. E te deixo para ser livre. Que você voe mas que tenha vontade de voltar. E que volte com novas histórias e ótimas lembranças. Pronto para cultivar novos sentimentos, pronto pra renascer das cinzas que se tornaram os problemas da vida. E eu espero que você tenha aprendido a andar sozinho nessa corda e quero que desaprenda sempre e sempre, para poder reaprender a se equilibrar. Mas deixei - o ir com a intenção de que livre tu sentisses a necessidade de voltar para onde sabes que pode encontrar alento (e aquele brigadeiro de colher que você adora). Olha, mas não é só você que vai... eu também vou. Estou indo, indo, indo... sorrindo para as adversidades e sendo mais resiliente a cada dia. Para ser capaz de voar contigo também preciso ir. E eu voo (do verbo voar). E o deixo ir ...