19 de janeiro de 2016

O Perfume


Depois de ter lhe declarado minha paixão perguntou me: —Como é que se sente quando me aproximo? —Aos 14 anos escalei pela primeira vez com meu pai a Serra da Canastra. Quando chegamos ao topo senti meu corpo envolvido pelos braços do ar. Um doce cheiro habitava meu íntimo. Aquele vento era meu alento, batia me no rosto e ardia, não só a pele, mas a emoção por dentro. O gélido ar incendiava meu coração. O frio arrepiava meus pelos e meu nariz doía com as chicoteadas dos cabelos em minha face. Me dava prazer aquela dor de cansaço. Sentia me mais perto de Deus, envolvida pelo abraço dos anjos perfumados. —É assim que se sente quando me aproximo? —Sim, é como se trouxesse todas as sensações do mundo com teu cheiro.