7 de dezembro de 2015

Lembrança



Acordou num dia como qualquer outro o moço do sorriso lindo e dos lábios carnudos. 

- Gostosa! - gritou, me ressentia com como ele falava comigo, sempre me deixando sem graça. 
Ah, o amor é dessas coisas bestas que a gente não entende. Dia vai e dia vem e os olhos deles, dos meus dois melhores amigos, se cruzaram. Amor na certa. Todo dia vai e vem e a baixinha e o grandão sorriam como duas crianças ao ouvir uma piada. Aquele amor cruzado não concretizado me dava pena. Por que será que a pequena não tinha pulso para agarrá lo com a vontade e força de nunca mais soltar? 

Lembro bem de quando ele gritava meu nome, eu morria de vergonha. Os seus abraços apertados e o fato de minha amiga de infância ser apaixonada por ele não me impediu de amá lo. Mas não o amei como ela, é só que ele sempre teve um jeitinho de me fazer sorrir. Deus me mostrou que se hoje eu sorrio mais é porque me lembro que ele que tanto gostava de sorrir teve tão pouco tempo... Sua beleza era genial, mais do que física mas que vinha de dentro. As vezes que perdi de te-lo beijado foi por respeito ao amor da sua vida afinal ele era tão bonito e radiante. Um dia ele descobriria que a amava também. Hoje posso apenas regar as lembranças no seu túmulo e ser grata aos seus sorrisos que ainda me fazem sorrir... 

Em memória de um grande amigo. 
(Eu sei que ele amaria essa fotografia, ele amava os bichos como ninguém.)
5 de julho de 2015

Trecho anti poético

   
   
     Estou sem inspiração para poesia. Vou mudar minha playlist. Nada de músicas românticas, nada de poesia. Quem sabe assim me distancio do amor que me lembra desafeto. Quem sabe a falta do meu amor deixa de me fazer falta ? Deixa pra lá essa parada de que nasci pra ser poeta. Nasci pra ser escrava das palavras, também da ausência delas em boca alheia. Deixa pra lá esse negócio que faz meu peito palpitar. Deixa de lado esse pulsar que pula tanto no peito que causa até repulsa. Deixa a boca que deveria se unir a minha beijar outras faces. Deixa esse negócio de que desamor é inspiração. Não quero ser poeta. Quero é ser amada. E quanto à minha sina de florescer poesia... Deixa, deixa ser bônus de uma vida dois, completa, que ainda aguarda existir. Deixa essa sina pra trás, larga esse amor, essa poesia sofredora. Não se plante em meus pés. Deixa pisar em falso, se cair a gente aprende a levantar. Só não deixa escapar, não deixa eu escapar das suas mãos enquanto eu puder ser sua. Porque quando o sentimento cura só sobra mesmo a sina. Uma conversa de bar, uma prosa sem poesia, uma ausência de rima.
24 de maio de 2015

Destino


Toc toc toc. Bateram na porta do seu coração. Flores? Foi engano, não acharam o que procuravam. Uma pena. Talvez se ao menos tivessem entrado para tomar uma xícara de chá tivessem encontrado mais do que o que procuravam. Mas o destino foi generoso e livrou a pobre moça de mais um dia de coração despedaçado e alma depenada. Continuou sozinha mas pelos menos completa de si mesma e é claro de muitos chocolates. Floreou a si mesma com as flores que não lhe pertenciam. Foi feliz, sozinha. 
18 de maio de 2015

Segunda-feira



Põe a roupa de domingo e vá ser feliz, ouvi meu pensamento. Uma pena ser uma segunda feira quente e nebulosa. Talvez a neblina viesse de dentro e não de fora. Vesti meu uniforme e segui pelo caminho mais lento, queria ocupar meu coração do que só ocupa a paciência. Cheguei ao trabalho e mais uma vez como tantas meus olhos se encontraram com os dele e nem ao menos um bom dia. Só aquele choque elétrico que me atravessava toda vez que eu o sentia se aproximar. Uma pena não ser um domingo, talvez a roupa me encorajasse a dizer olá. Mas por enquanto apenas o olhar me basta para contar mais um caso de amor não dito
15 de maio de 2015

Onde ela está ?


Um sonho que se chama acreditar. Onde ela está? Sua nobre companhia, sua doce alegria, sua eterna nostalgia, suas utopias. Onde estará ela? É ela que eu quero para mim ? Parto me se não parte dela em mim existir. Parte meu coração quando ela parte e fragmentos de mim são apenas fragmentos. Sem ela o mundo é só mundo. Nada mais há do que uma realidade fatual. É fato que meu mau jeito com ela a fez dissipar mas tanto dela preciso. Volta pra mim criatividade, traga contigo utopias, sonhos e tudo que me leve desse mundo breve. Venha para eu poder dizer ANTES ARTE DO QUE NUNCA, e colorir os dias da minha existência com versos de poesia. Cria tive idade mas a idade dela é infinita basta encontrar. Ficará pois não é finda mas há de se encontrar...
6 de maio de 2015

Alheios constantes





Compartilhar me ei ...
Com os ventos do insólito destino
Alheia de mim desatino 
Inconstante ressoa meu verso 
Meu verbo dissipa ao léu do mundo 
Meu anseio moribundo 
Desata o que não é meu 
Alheio de mim resvala 
Resgata me a canção do mundo 
Da terra retoma me as vontades 
As mais belas saudades 
Dos velhos desejos
Incendeia me aspirações 
Desassocia me a regra de ser 
No instante outrora sou 
No agora o que fui e serei 
Das virtudes me resguardo 
Do eterno anseio ei de ser
Cheia de si no vazio de mim
Já não me comporta o mundo 
E me compete viver 
Uma vida alheia de contantes 
Instantes do agora
Ao remido porém
26 de abril de 2015

A gente se acostuma mas não devia de Marina Colasanti

         A crônica abaixo é uma de minhas favoritas, ela causa em nós uma reflexão sobre nossas vidas e como nos acostumamos com a mesmice cotidiana e assim deixamos que a vida passe. Assim nos acostumamos com os clichês banais e esquecemos que não deveríamos nos acostumar porque assim como o tempo passa um dia nós também passaremos. Um recitação incrível da voz marcante de Antônio Abujamra (Provocações, TV Cultura) e uma construção musical incrível unida a imagens cotidianas retratadas de uma forma que não é comum percebermos. Espero que gostem do Entre Aspas de hoje! 



Mais sobre a escritora Marina Colasanti aqui



10 de fevereiro de 2015

Versinho sobre o adeus

De repente saiu da minha vida
Como um pássaro sai da gaiola
No voo da liberdade
Se foi para sempre
E eu esqueci de me lembrar
Ou me fiz esquecer
O que ficou foi um grande vazio
Repleto de solidão
Descobri que era essa louca paixão
Que me dava forças para continuar


[Pensamentos de 2010]

4 de fevereiro de 2015

Indeterminado

Se não quiser ler tudo, leia apenas os 3 últimos parágrafos! 

Ah, Paulo. Um Paulo qualquer talvez, meu professor Paulo Camilo, idoso calmo da gramática do saber ao sono e as reflexões. Não foi a primeira vez que uma aula dele me inspirou. Lembram se do "Soneto da Reflexiva" ? Não?! Pois bem, estou aqui refletindo mais uma vez sobre a vida e os indeterminados flexíveis ou não.

Olho pra a direita e vejo um simpático amigo, ao lado dele aquele que me inspirará talvez criações e talvez se tornará uma personagem marcante ou não, mas uma personagem que não se passa por despercebida. A tal personagem que gosta das mesmas aulas que eu gosto e que número reduzido de pessoas se afeiçoam. Gramática!

Não foi dessa vez que eu imaginei aquela personagem e ela me tirou atenção. Compreendi toda a gramática e os sujeitos simples ou complexos, determinados ou indeterminados. Mas de repente por sei lá que motivo meu olhar vai de encontro a uma panturrilha e tudo se desembaraça, ou me embaraço mais ainda e perco o fio da meada.

Aquele sujeito esbelto de panturrilha firme desencadeou uma guerra em meu cérebro, espartanos contra atenienses. Troianos contra gregos. Uma guerra para além da gramática. Paulo Camilo não se fez mais presente por mais ou menos 6 minutos, para mim um tempo enorme para se perder imaginando absurdos. E a aula de história foi antecipada, acabei escrevendo História do Brasil no caderno de História Antiga.

O tal rapaz se fez guerreiro em meu devaneio sem sentido. Uma curta guerra que ressaltava sua braveza, inteligência e também beleza que para os povos mediterrâneos era muito importante. Transformei o em uma estátua, pisquei incrédula. Quantos minutos ? Será que alguém percebeu meu olhar para aquela perna sem sentido? O único sentido era andar, levantei me e fui ao banheiro ainda imaginando o rapaz em forma de mármore branco com seus cachos genuinamente esculpidos com a beleza e precisão das esculturas de Michelangelo.

A aula acabou mas esta crônica ainda não. Entrei no ônibus e comecei a ler o livro que minha amiga me deu, pretendo resenhá-lo futuramente. Observei as gramáticas, tantos sujeitos indefinidos e agora eu entendia melhor dos meus e o motivo pelo qual minha mãe sempre se queixou de não entender meus textos.

São todos sujeitos indefinidos, assim como o pseudo guerreiro de Troia. Indefinidos para vocês caros leitores, para mim até mesmo alguns são. Meras invenções, muitas vezes até esquecidas. Personagens sem nome. Totalmente indeterminados, porém conhecidos e com sentido prévio. O sentido pelo qual não reforço a personagem mas o que ela causou, pouco importa se a determinei.

Tão indeterminados somos que a qualquer momento podemos mudar de opinião e começar a gostar de coisas que aparentemente rejeitávamos. A própria aula de Gramática, não gostava muito e sentia aquele tipo de sono mortal enquanto o professor falava, mas um dia decidi que sentiria gozo em toda aula de Gramática e acabei me afeiçoando por ela.

Indeterminados somos, não só sujeitos em terceira pessoa e nunca citados. Somos incabíveis indeterminados, incompreendidos, desencontrados, desencantados, descontrolados, troianos, gregos, guerreiros, poetas, estudantes, sujeitos com seus preceitos, apenas números e muito mais que números, observadores, amadores, aspirantes, cheios de adjetivos. Adjetivados sujeitos, determinados em ser indeterminados na tentativa se determinarmos a ser protagonistas da eterna crônica da vida.

Perdoe me a confusão, se não pude determinar nem a minha própria crônica não cabe a ninguém a determinação de ser quem somos, não cabe a ninguém se prender em ideias pré concebidas, afinal somos todos uma ideia nova que surgiu no mundo.






2 de fevereiro de 2015

A Guerreira


Seu encanto de prosa solta e verbo
Dilui se em cachoeira sua água
Dissipa se em selva seu som
Mistura se sua cor na madre Terra
Esvoaça com o vento a guerreira
Seu sorriso apaga toda cicatriz
Seus mantos cabelos amansam feras
Seu perfume de flor se compõe
Forte e delicada guerreira
Sua trilha nobre completa
Como um jardim se ajeita
Em comunhão com a mãe natureza
Seus olhos de luminosa destreza
Atravessam hábil de guerreira
Os monólogos do tempo
Musa Potira se atira
Ao destino da vida tranquila
E quando se agita
Bela guerreira vence
No meditar das batalhas cotidianas
Menina de flor em cachoeira
Que no alto da montanha desabrocha
Que se faz rocha rara de se guardar
Teu canto encanta e vai de encontro
Aos sinceros gritos da alvorada
E faz no peito aberto morada
Da luta da eterna guerreira apaixonada

23 de janeiro de 2015
Querido verso de uma folha de caderno,

Hoje é mais um dia em que uso grafite e celulose para contar o que já não cabe mais em mim. Não quero que escorra pelos olhos, sentimentos não foram feitos para escorrer pelos olhos como lágrimas, ou foram e ninguém me contou. Estou pensando em tantas coisas. Paro de escrever e penso. Leio o último parágrafo da página anterior e reflito. Respiro fundo e penso no que contar primeiro. Mais fundo. Cada vez mais fundo... Tão profundo e me afoguei. Logo concluo no lugar onde a tese deveria existir. Sabe, alguns desejos não devem ser pedidos por mais profundos que sejam. Observo minha caligrafia até aqui. Como mudou ao longo de 2013. Antes uma letra grande e redonda, agora uma letra pequena, deitada e levemente arredondada. Até a força que antes colocava no papel para escrever mudou. Será que perceberam minha mudança ? (Penso: tudo antes de tê lo conhecido, as lágrimas, o pessimismo, a tristeza, tanta coisa, será que ele também mudou depois de me conhecer?) Respiro fundo novamente. Observo os parâmetros do texto anterior e percebo que este é uma prosa sem parágrafos. Ah, tenho tanto a dizer mas até agora não disse nada. Pausa para pensar no que escrever nas poucas linhas que me restam da página. Digo em pensamentos como se meu amado pudesse me ouvir: é totalmente estranho o jeito que me sinto presa a você ! Como você pode não se achar bom o bastante para mim se foi você ou por você ou você estava presente que eu me tornei uma pessoa melhor ao longo desses sete meses? Respiro fundo e não há nada a fazer. É certo as pessoas vão embora mas se esquecem de levar com elas o restinho que falta para o outro ser feliz. Deixam saudade e para mim a estranha saudade que nunca tive, uma saudade de uma presença virtual.

Sem despedidas.

Texto escrito no dia 15 de janeiro de 2014.
22 de janeiro de 2015

Mais uma tentativa

Antes de escrever sobre você fechei os olhos e respirei fundo para me encorajar. É tão difícil escrever o que sinto, as vezes saem fragmentos, e é mais fácil até mesmo falar, não sei se é medo ou se não se pode registrar esse amor proibido, sei que ao reler esta introdução já desisto de escrever sobre nós, aliás, sobre você ou sobre o que sinto por você. Fecho os olhos e penso em desistir, talvez em um outro momento eu escreva

De uma coisa em sei, a cada dia que passa parece que aumenta mais o que sinto por você. Sua conexão pessoal me faz tanta falta. Irei para a página seguinte escrever sobre o futuro pois do presente só arranco suspiros e um coração ardente.Porque é tão difícil escrever... Fecho os olhos e penso. Sobre você?! Envio mensagens telepáticas: Boa noite mon amour, espero que pense em mim tanto quanto eu penso em você.

Texto escrito em 16 de janeiro de 2014. 
20 de janeiro de 2015

O encontro


Mal acreditei que era verdade. Extasiada abracei o sem pronunciar uma palavra. Aquele abraço pareceu durar uma vida inteira e foi como se eu estivesse vivendo novamente toda a minha vida até aquele momento. Foi como se o mundo tivesse parado e como se só houvesse vida nele. Tudo tinha parado, eu sentia o calor do corpo dele colado ao meu, meus pés já não tocavam mais o chão, eu estava nas nuvens, na minha fantasia pseudo real. Ele me segurava pela cintura e aquele abraço tão singelo e todo  resto fez lágrimas rolarem do meu rosto. Uma mistura de água, sais minerais e paixão saiam dos meus olhos. Minha alegria era infinita. Ah, aquele corpo quente de dois metros de altura, aquelas mãos em volta do meu corpo me segurando forte e ao mesmo tempo tão suave. Eu estava perdida, agora tinha a tão esperada resposta. Perdidamente apaixonada por ele. Ficamos ali parados, abraçados, nossos corações batendo forte, minha respiração ofegante, meus olhos fechados agora conseguiam ver as mais lindas maravilhas que nem mesmo a própria visão pode oferecer. A voz dele interrompeu meus pensamentos. Um sussurro no meu ouvido "Querida, esperei tanto por este abraço. Amiga você é minha, minha pequena." Ele me apertou mais junto ao seu corpo e a eletricidade entre nós aumentou e subiu atravessando meu corpo verticalmente. Aquela corrente subiu da minha coluna até a cabeça. O toque das mãos dele queimavam minha pele. Ele entrelaçou seus dedos firmes na raiz do meu cabelo e afastou minha cabeça do seu ombro, olhou me firmemente nos olhos e beijou o caminho que as lágrimas fizeram da minha bochecha até meu queixo. Seus lábios tocavam meu Rosti e eu me senti enrubescendo. Fechei os olhos e ele pressionou seus lábios nos meus apertando me cada vez mais em seu corpo. Meu coração acelerou ainda mais os batimentos. Meu corpo frio estava se aquecendo com o calor dele. Era real, eu estava com ele agora e para sempre. Mais que o encontro de dois corpos, o encontro de dois corações, a fusão de duas almas em prol do amor.  


Texto escrito em 2013.
19 de janeiro de 2015

Ecoar

O eco ressoa versos
Verbos soam acessos
O som conjuga a luta
As ondas do mar possesso
Do teu peito aberto
Tamborilando batuques
No chacoalhar das ondas do destino
E o teu desatino é simples
Um simples eco
16 de janeiro de 2015

Um dia depois da perfeição

Hoje resolvi não escrever meu número favorito. Hoje é sexta feira, 13 de dezembro de 2013. Não sei se esse dia dá realmente azar ou se é exagero da superstição das pessoas, mas o que sinto até que condiz com um dia de comédia trágica.

Quando se trata de sofrer por paixão costumo ser bem altruísta, carrego toda a culpa e dor ou sozinha ou ajudo a carregar a dor dos outros. E é nesse serviço infame de querer tapar o sol com a peneira que eu vou sofrendo e me magoando cada vez mais e perdendo para mim mesma.

De nada me fizeram convicta as vezes que eu conselhei que se arriscassem pois foi por não me arriscar que eu perdi uma batalha sem ter ao menos um adversário. Nada adiantou dizer "se arrisque" se eu não acredito ou acreditei na minha própria ideologia. E continuo doendo, chorando sem ter lágrimas e tentando descobrir porque dói tanto e aperta tanto no peito o que está no cérebro, no hemisfério direito especificamente. Será que essa parada louca de sentir no coração realmente existe?

Toquei o peito com a mão direita e pareceu me frio como sempre foi, mas um frio meio mole, como gelo derretendo. Ainda não consigo desistir de pensar em como os outros vão se sentir a meu respeito. Sei o quanto é ridículo dizer que não se quer estragar uma amizade se a partir do momento em que algo tornou diferente a amizade deixou de existir. Essa balança pesa mais para o lado mais enfraquecido, custa caro o preço de um leve coração.

Sobre o que foi perfeito posso dizer que sofrer por uma paixão é perfeitamente coerente para uma poetisa de 17 anos. Foi perfeito eu ter conhecido o melhor de mim graças a uma paixão. Mas a perfeição não cabe a olhos humanos e é por isso que ela dói tanto em mim. Que a covardia que me persegue não me impeça de revelar meus segredos mais ocultos a quem ajudou me a descobrir a preciosidade de minha própria essência de utopias platônicas. Não consigo aceitar que sinto o que sempre tive medo de sentir. Apaixonei me por ele. E admiti...


Este texto foi parte do diário que nunca prossegui porque não gosto de diários, todas as feridas dessa por ventura paixão já existida foram cicatrizadas e graças a ela entendi porque devemos ceder ao nosso orgulho e doar se com os pés no chão. Com nostalgia e sem nada de saudade dou a vocês o que já foi parte de mim. Abraços e voltem sempre!
15 de janeiro de 2015

A Etérea

Ô menina
Tua sina
Não sei quando
Tua rima meu encanto
Enquanto despertar
Sereia encantada
Bailarina do mares
Dos amores
Dos lares
Que fazes em corações
A tua rima
Teu sonho
Ilumina
A doce ilusão
Meu peito palpita
De prosa
De verso
Teu reverso
Reveste em minha solidão
Mas já é hora da partida
Teu espetáculo partiu
Em mim meu coração
A menina
De areia desfaz meu coração
Essa sereia
Avulsa
Corre de mim
Quando mora solidão
Todo mistério
Etéreo
Se esvai
No desvalimento do ser
Deixo de ter bailarina
Em essência
Pra ser desencanto
Onde encontro
Mundo, desnudo

13 de janeiro de 2015

Entenda as mulheres: o que elas querem que os homens saibam (ou o conjugar de um verbo)

A gente sempre carrega dentro de si, mesmo que não aceite, não admita ou ainda que neguemos, aquela expectativa de surgir um novo amor. Ou um amor que inicie nosso coração nessa parada que desde os primórdios faz gente chorar, sofrer ou se tiver sorte faz feliz para o resto da vida. Nunca acreditei na minha própria sorte e apesar de tentar não esperar um amor, meu coração espera. Espera ser jogado fora só para ter o prazer de um dia poder contar uma historia dizendo "eu sofri por amor", "já amei" ou "ainda amo". Sempre cultivando aquelas amizades que aos olhos dos outros parecem a mais inocente. E verdadeiramente são, menos pela ponta de esperança alimentada pelo desejo reprimido de amar e ser amada. Aquela vontade de gritar para todos os homens "não quero ser sua melhor amiga, tampouco sua irmã" só pra ver se alguém se interessa. É frustrante aquele cara legal dizer que ama outra enquanto você queria ouvir que ele te ama. Mesmo que você não o ame. Aquela atenção que você inveja daquela menina que nem é tão inteligente quanto você. Ou ainda aquele cara que diziam que vocês tinham tudo para dar certo e mesmo você suportando as palavras e tentando não se apaixonar porque mais cedo ou mais tarde você quebraria a cara. Eu não daria meu braço a torcer por um amor. Até porque um mês depois ele estava namorando uma garota que nem ao menos você havia visto ele falar com ela. E  aquele cara que ia na sua casa e te dava cantadas e um mês depois estava namorando sua amiga. Também aquele que te elogiava mas que seria um egoísmo se ele elogiasse só você e depois você se sentiu mal por ter antes se achado tão especial. Não sei se o problema somos nós ou se os homens são mesmo complicados, ou se a culpa é do amor. E essa quase impessoalidade que deixa tudo claro que estou sofrendo por desamor mas generalizo só para tirar minha parcela de culpa ou mesmo de remorso. Porque eu nunca consegui gostar de alguém que estivesse ao meu alcance. Eu nunca tive coragem de dar o braço a torcer por medo de sofrer mas já estou sofrendo. Porque ninguém pode me dar o afeto de que necessito, só ele. E ele pode estar em qualquer lugar, beijando outra boca ou mesmo ao meu lado me chamando de irmã. Ele pode estar em outra cidade e pode até mesmo não saber que eu existo. Mas acima de tudo, ele está no meu pensamento e eu espero logo que venha sanar meu desafeto. Que seja corajoso o bastante para enfrentar a selva que é meu peito. E quando ele chegar espero não ter medo, espero ter um sinal de que é mesmo ele. Um sinal de que eu não serei mais apenas uma amiga cheia de história para contar, divertida mas apenas amiga cheia de um  desamor que eles não conhecem e não reconhecem. Até que eu conheça o amor, o desamor tem sido minha maior frustração e a falta de coragem por medo de ser pior o terreno desconhecido já deixou escorrer por entre os dedos todas as oportunidades e temo que o destino não seja mais tão generoso. Meu desatino tem sido a procura por um motivo para escrever sobre aquele que não veio ainda cultivar em mim o verbo amar.
9 de janeiro de 2015

Fragmentos de um novo envelhecido

Devo lhe dizer que acabei de apagar o primeiro paragrafo de uma possível carta aberta para apenas escrever um devaneio ... Até aqui se passaram alguns dias do ano de 2015 e aqui estamos com as mesmas dúvidas, provavelmente com as mesmas ideologias e costumes. Carregamos dentro de nós o incansável velho que se resgata a cada volta que a Terra dá. Resignificamos as nossas esperanças e os nossos anseios. Tudo velho novamente, algumas pequenas mudanças são notadas mas nada de muito extravagante.

O velho atravessa a fonte da juventude e se torna novo como quem acabara de nascer, assim são nossas expectativas e até a própria vida de quem presencia vivo a translação da Terra. Na verdade até agora não cumpri nada do que planejei fazer durante esse 2015, sabe por quê ? Porque eu ainda sou a mesma e as decisões que tomei poderiam ter sido tomadas em qualquer momento de 2014 ou de qualquer ano.

Querido ano novo ou leitor novo, continuo sendo poesia ambulante e a cada dia ando sendo mais poesia e anseio. Busco doar mais de mim a cada segundo de minha existência. Continuo sendo esperança e nostalgia de todos os meus segundos até aqui. Continuo duvidosa e ansiosa, continuo...

Nessa de continuar
Sou ainda mais poesia
Sou abrigo da nostalgia
Dos passados vivos
Inventados, resgatados
Duvidosamente furiosos
Querido novo
Dos velhos defeitos
Carrego preceitos
Meus preconceitos
Busco abandonar
Minhas manias
Lapidar
Meus sonhos
Os mesmos olhos
Meus segundos
Mesmo que desvanecidos
Nessa sina de palavrear
Procurando novas palavras
Para inovar
Vocabulários
Para surpreender
Modificar a eterna
Mudança do ser
Do meu ser viver
Abraçar o velho novo
Como quem abraça tesouros
Esse tempo vale ouro
É o tempo de nunca mais
Mais voltas que a Terra faz
Traz esperanças
Expectativas
E espectrais lembranças
Querido ano novo
Sou cada vez mais poesia
E vontade de ser
Nova a cada dia

Fragmentada me doei, não doeu-me. Quero doar ainda mais, especializar me em doações. Nada de muito rico e tudo de muito relevante. Um sorriso para a bela velha que nos acompanha, a vida. Que o velho se renove a cada dia pela simples passagem dos segundos e da constante renovação mental. Um abraço e antes tarde do que nunca, um feliz ano novo!