29 de dezembro de 2014

Desnuda


Hoje eu li, li tanta coisa. Repensei, por quê? Alguém me leria ? Quero (te) desvendar e me apaixonar por algo que seja mais real do que as minhas vivências passadas. Quero sair desse confinamento literal, moral, psicológico. Adeus mundo! Não caibo mais em mim. Já não caibo em mais nada. Fujo de mim do clarear do dia ao anoitecer. Cerro os dentes para não chorar e deixo as poucas lágrimas adentrarem novamente. Relutantes, não caiam, fiquem aí paradas. Vocês que fazem parte de mim não podem sair sem pedir permissão. Não me traiam, não me justifiquem, não me comprometam, não me mostrem a outros olhos. Não revelem a minha nudez. Não! Elas se foram, pobres lastimas, poucas lágrimas. Lateja em mim sempre o pensamento de viver. O de morrer se foi com o tempo porque morrer significa perder as esperanças. Não sofri esse tempo todo para desesperançar. O tempo que precisar esperarei para espalhar todo eu que já não cabe mais no meu peito. Deleito me em fazer da minha sina de viver uma incompleta rima ficcional. Está difícil vomitar as palavras, todo meu confinamento se acostumou com tão pouco espaço que agora tem medo da luz do sol. Sai daí, menina! Algum encorajamento ? Seria clichê dizer que anseio por pessoas que não usem o que eu disse contra mim? Precisamos mesmo é dos clichês e eu admito que anseio. Anseio por olhares e atenção que não seja direcionada a mim por pena mas porque é agradável estar comigo. Mas se eu não for agradável ? Tantas dúvidas, cruéis. Como espadas de dois gumes cortam os dois lados do meu ser, alma e pensamento. Por que fiz um juramento a qual nem mesmo acreditei ? Se eu desesperançar, não me deixe partir. Faça me sorrir e me lembre que enquanto eu existir minha sina será me apaixonar pelo que deveria ser e espalhar esse dom de palavrear pelo mundo. Talvez algum moribundo resista ao assistir minha conquista e se inspire a viver. Justo eu das pensantes a mais moribunda, morrendo pelo mundo sem antes pedir perdão. Tudo que eu mais quereria é um peito aberto para eu adentrar, me esconder, me afogar. Um peito que dissesse para eu ficar que comigo lá dentro o mundo é menos vazio. E mesmo que fizesse 40 graus na sombra eu quereria para sempre o eterno calor do amar. Os "porquês" seriam vagos se não houvessem mais respostas cabíveis. O desprezo amarga, mas este é assunto para outro texto, este foi devaneio vívido e real por ter lido a mim por ter lido (você) o mundo. Por amar o desconhecido, por poemar, por po(amar)-te e trazer (te) até a poesia de meu ser.