26 de fevereiro de 2016

Na porta dos meus medos

       

Ela vem bem pertinho pronta para derramar e molhar minha face, algo não a deixa escorrer. Retomo o controle. Respiro fundo, está tudo bem. Não preciso sofrer por antecipação. Mesmo assim eu sofro. Sofro de ansiedade por não ser metade do inteiro que pertence só ao meu âmago. Aquele que ainda não permiti que desabrochasse, ou que por falta não sei de quê decidiu ficar guardadinho esperando a porta se abrir. Uma porta fechada pela tranca do medo, o medo do desatino, o medo de ser quem eu sinto, o medo de deixar de ser metade, o medo de viver. Baque! A porta é encostada mas ainda há uma fresta por onde meus sonhos escorrem e são devorados pelos medos. Ah, esse bicho imundo devorador de nuvens de algodão. Na porta dos meus medos é que me encontro, pronta para encará los. Mas não com força suficiente. Só eu tenho as chaves desses labirintos, mas sou hipermetrope, não vejo os contornos da fechadura, não encontro a chave certa para aprisionar meus medos na caixa de inúteis. Tenho medo do escuro, tenho fotofobia com o excesso de claridade. Tenho medo de quem está morto e desconfio de quem está vivo. Freud explica? Como alcançar as chaves da prisão da própria mente? Como encontrar a saída? Bom, se eu não consigo abrir a porta então é melhor pular a janela do quarto andar dessa cidade quente onde o único inverno é do meu coração.