29 de março de 2012

Questão de perceber!


Viajou. Foi para bem longe, distante de tudo e todos seu lugar incomum. Fechou  os olhos e refletiu no vazio. Ela tinha certeza que sentia e sentiria falta daquela bagunça em seu peito . Um emaranhado de doces ilusões e decepções que hoje ela agradecia o fato de terem acontecido.
Naquela tarde não houve voz, sorrisos, sons ou reflexões. Dormiu profundamente dando descanso a sua alma, mente e coração. Já era fim de tarde quando acordou, sentiu um vazio, porém este não doía tanto, era natural e se chamava fome. Levantou se sem disposição, abriu a geladeira e retirou de lá um queijo, branco como a face que quem um dia desejou esquecer e remover como estaca que era cravada em seu peito. Comeu rapidamente e se pôs frente ao espelho que refletia para ela uma face estranha enxaguou sua boca e tomou um comprimido. Algo para dormir. Voltou para o seu leito sem graça.
Horas depois despertou.
...
Quantos "porquês" cabem dentro dessas inofensivas reticências ? Inúmeros. Ela tinha essa certeza ao digitar seu nome em um e-mail qualquer em seu notebook velho fosco. 
...
Estou bem mãe!
            Um abraço Alice.  

Fechou os olhos e desejou ter sono, mas era inútil desejar e mais alguns comprimidos daqueles a fariam mal, não havia fomo ou sede, apenas morbidez e sangue pulsando lentamente. O som era apenas o de sua respiração forte e forçada. O dia estava claro demais, quente e contraditório. Culpou o dia mais a contrariedade vinha dela.

Era verão como ela amava o sol forte, como adorava sair e contemplar as plantas, apesar de estar com um péssimo humor saiu da velha choupana e foi passear naquela caminho de arvores plantas e tudo o que um dia te alegrou na infância. 

Andou sem destino como era ruim a falta da alegria de seus avós naquele lugar e como era triste o estado em que se encontravam as coisas por ali. A chácara de seus avós que costumava ser tão alegre não deixou de confortar seu coração com aquela ilustre presença de um sentimento bondoso de lembranças. A menina   de 7 anos que costumava brincar ali havia crescido, agora com 18 ainda sentia aquela alegria ao pegar o barro com as mãos e molda lo em forma de coração. Sorriu.

Horas depois foi surpreendida, seu amigo de infância que ela nem se recordava mais de como era seu nome escancarou a porta e deu lhe um susto. Ela sentiu naquele momento o sentimento mais inusitado e inesperado. Estava forte e a esmagou com um forte abraço e palavras de carinho, quanto tempo, recordou seu nome, Henrique, sorriso esplendido como o brilho da lua. Lembrou se que ele se apaixonou por ela aos 15 anos. Riu. Mas viu em seus olhos o brilho do amor e não deixou se convencer que ele havia esquecido a. Conversaram por horas e desde o primeiro segundo em que ele a tocou ela estava decidida daria uma chance a si mesma. Não se retrairia por seu ultimo relacionamento ter sido um fracasso.  

Abriu um velho livro e encontrou nele a seguinte frase:
" Tem circunstâncias que ocorrem sem objetivo algum, e basta a percepção do coração para perceber que o motivo é não deixar escapar o amor."

Reforçou a ideia ela sempre o havia amado só não havia percebido antes, pois tentava ser feliz no impossível, no que não era destinado a ela.