4 de novembro de 2016

Antes de morrer eu ...

Gostaria de parar de perder tempo pensando no tempo perdido que perdi pensando no tempo que passou. É pra exagerar mesmo, porque o tempo passa e a gente sempre para pra pensar no tempo que perdeu perdendo tempo com coisas fúteis. E é fútil não pensar, é fútil deixar passar os pequenos prazeres da vida, como sentir o vento no rosto ao andar de bicicleta. 

Pensei sempre em coisas grandiosas. Lembro me de quando eu era criança e queria ver televisão até mais tarde e meu pai não deixava, logo me mandava dormir. E eu desapontada pensava, quando será que isso vai mudar? Então um dia depois das broncas sobre dormir cedo eu disse que criaria um celular com televisão e ele não poderia mais reclamar que eu atrapalhava eles a dormir enquanto via TV até tarde. Anos depois é anunciado o primeiro celular com televisão. E eu nem sequer cheguei a ter um. Mas na minha mente infantil, ter um telefone com TV seria uma coisa muito grandiosa. 

Soube me encantar pelo infinito. Gosto de olhar as estrelas e contemplar a Lua. Mas sabe, às vezes eu me esqueço que há esperança no céu. E me falta memória para lembrar que sentir Deus é sentir todo o mundo em sua plenitude, é se encantar com o desabrochar de uma flor e com o vermelho da acerola e o laranja da pitanga. A saber que todas essas coisas Ele fez, e que tudo coopera para aqueles que O amam,  

Pensei sobre o tempo. Ah, o tempo! O tempo é menino travesso, que corre solto sem eira nem beira, que apronta quando a gente nem está prestando atenção. Esse tempo chega para mostrar que o que já foi presente passou. Passou a agonia daquele anseio de querer ser alguma coisa. Mas outras aflições virão, pra mostrar que somos capazes de vencer obstáculos, pra mostrar que enquanto estivermos vivos não podemos padecer a uma morte de esperança, e até mesmo para nada mostrar. Mas dEle é o tempo, e não devo me afligir por coisas vãs, pois o tempo não cabe a mim. 

Procurei coesão onde nem havia coerência. Assim como esses parágrafos sem coesão às vezes parece que é a vida. Uma vida assim incoesa, sem junção. Uma vida ausente de esperança. E sabe leitor, eu sempre pensei que antes me morrer eu quisesse pular de paraquedas, plantar uma árvore, visitar um lugar distante como o Himalaia e o Evereste. Mas, antes de morrer eu quero mesmo é viver. E viver é fazer sentido, encontrar um lugar no mundo. E talvez eu só me sinta assim habitando no coração de Deus. Mas enquanto eu não encontrar o meu lugar no mundo, vou fazer da esperança minha morada. Porque nela, todo mundo tem seu lugar. Quem sabe um dia esses parágrafos se encontrem em algum texto que faça mais sentido.