6 de junho de 2016

Regador


É muita responsabilidade estar com seu coração nas mãos. É muita responsabilidade te abraçar e ouvir seus suspiros, sua respiração profunda, seus medos, seus anseios e os batuques do seu coração. Te ouvir por inteiro. Mas ouvir o batuque do seu coração acelerar me deixa calma, ouço como música e por enquanto é a melhor melodia que posso sentir. Mas sabe, eu amo sentir tudo isso. E eu espero que Deus me abençoe para eu poder cuidar bem de você enquanto eu puder. Que Deus me dê sabedoria e compaixão para ouvir seus desabafos e me colocar no lugar do seu sofrimento para que eu possa ser o seu colo, o seu ombro amigo, o seu aconchego. Que o Criador nos dê muitos momentos felizes como um dia simples no parque deitados num lençol vermelho contemplando o céu. Nada de muito majestoso, afinal nós sempre nos encantamos com a simplicidade. Sabemos rir dos insetos e sentir o vento no rosto agradecendo pelo frescor da manhã e pela beleza da luz do sol. Gosto de observar seus trejeitos e como você se comporta com a minha mal criação. Tenha paciência pois estou disposta a ser aquela pessoa que ajuda a segurar a sua barra e sorrir com você enquanto houver dentes na boca. E mesmo que os dentes caiam e as cortinas fechem, que a gente possa sorrir da banguela um do outro. Quero que sejas meu raio de sol todas as manhãs para que eu sinta o raiar do dia sob meu rosto com um beijo quente. Apesar de ainda não saber o que sinto por você sei que sinto muito, sinto tanto que transborda, sinto que me acalma e que me agita por dentro. Sinto que posso contar com você. Sinto que sinto. Espero sentir muito mais e por muito tempo. Espero te sentir muito além de beijos e sempre mais que abraços. Quero sentir sua alma e cuidar dela como se fosse uma flor. Quero te regar até que você deixe de ser uma avenca e eu tenha que destruir as paredes porque você se tornou em mim um carvalho majestoso e é impossível ignorar um carvalho. E se você for mesmo uma planta, se plante em mim. Seja minha sombra, seja meu amigo, seja meu amor.

Intertextualidade com o texto de Caio Fernando Abreu - Para uma avenca partindo