12 de janeiro de 2012

Borboletas



Voam graciosamente de um lado para o outro livres. Outrora se encontram presas por um sentimento ininterrupto de aflição ou de qualquer coisa que eu ainda não saiba. Tão graciosas, belas de aspecto leve e ao mesmo tempo pesadas dentro de mim, como se fossem uma tonelada de chumbo com asas se debatendo em paredes sensíveis , querendo se soltar para a imensidão. Elas sempre voltam, -disse um certo compositor- e o seu infeliz jardim sou eu. Ora, ora o compositor estava correto elas voltam, mesmo quando eu não consigo vê las, aliás eu nunca posso vê las mas elas estão lá exercitando sua vontade de fugir de dentro de mim. Há meses atrás elas se concentravam apenas em meu estomago, porem nos últimos dias elas tomaram posse dos meus pulmões me tirando o ar. E porque não dizer que elas estão por toda parte em meu corpo?
Pobres seres indefesos não tem culpa alguma do meu ódio por eles, seres tão graciosos por que fui compara los com meus sentimentos infames? Era questão de necessidade referir aos meus sentimentos de forma menos magoante. Se pudesse feriria meus olhos só para não ver aquele ser apaixonante, mas não podia ele me prendia me deixando de mãos atadas, como nenhum já havia feito. Em posição fetal me contorcia na cama todas as noites esperando uma chance de tentar parar de pensar naquele alguém tão bom e tão agonizante. Vê lo era a forma mais generosa e espontânea de ferir alma, corpo e coração. Os arrepios eram os motivos de vergonha seguidos pelas lágrimas secas, e as borboletas eram apenas as consequências de um emaranhado de problemas resultados de uma paixão mal correspondida e porque não dizer incompreendida. E a constância de tudo era o motivo da própria existência. Quem me dera pudesse algum dia libertar aquelas pobres borboletas.