23 de janeiro de 2015
Querido verso de uma folha de caderno,

Hoje é mais um dia em que uso grafite e celulose para contar o que já não cabe mais em mim. Não quero que escorra pelos olhos, sentimentos não foram feitos para escorrer pelos olhos como lágrimas, ou foram e ninguém me contou. Estou pensando em tantas coisas. Paro de escrever e penso. Leio o último parágrafo da página anterior e reflito. Respiro fundo e penso no que contar primeiro. Mais fundo. Cada vez mais fundo... Tão profundo e me afoguei. Logo concluo no lugar onde a tese deveria existir. Sabe, alguns desejos não devem ser pedidos por mais profundos que sejam. Observo minha caligrafia até aqui. Como mudou ao longo de 2013. Antes uma letra grande e redonda, agora uma letra pequena, deitada e levemente arredondada. Até a força que antes colocava no papel para escrever mudou. Será que perceberam minha mudança ? (Penso: tudo antes de tê lo conhecido, as lágrimas, o pessimismo, a tristeza, tanta coisa, será que ele também mudou depois de me conhecer?) Respiro fundo novamente. Observo os parâmetros do texto anterior e percebo que este é uma prosa sem parágrafos. Ah, tenho tanto a dizer mas até agora não disse nada. Pausa para pensar no que escrever nas poucas linhas que me restam da página. Digo em pensamentos como se meu amado pudesse me ouvir: é totalmente estranho o jeito que me sinto presa a você ! Como você pode não se achar bom o bastante para mim se foi você ou por você ou você estava presente que eu me tornei uma pessoa melhor ao longo desses sete meses? Respiro fundo e não há nada a fazer. É certo as pessoas vão embora mas se esquecem de levar com elas o restinho que falta para o outro ser feliz. Deixam saudade e para mim a estranha saudade que nunca tive, uma saudade de uma presença virtual.

Sem despedidas.

Texto escrito no dia 15 de janeiro de 2014.